Soluções para a crise hídrica no México

O “dia zero” na Cidade do México pode ser evitado com reformas no encanamento, captação da chuva, tratamento de esgoto e dessalinização de água salobra

A grande imprensa - com destaque para veículos como CNN, Veja e Uol - publica de tempos em tempos reportagens sobre a seca que ameaça acabar totalmente com o armazenamento de água da Cidade do México.

A situação não é de hoje: matéria da BBC, de 2022, tratou do calor extremo em Monterrey, a segunda maior cidade do México, e as consequências hídricas.  E, lá em 2018, o programa Fantástico, da Rede Globo, abordou o assunto quando o repórter Felipe Santana visitou grandes metrópoles do mundo, incluindo a Cidade do México, e chamou a atenção para a crise hídrica por conta de elevadas temperaturas, diminuição de chuvas, esgotamento de aquíferos e má gestão.  

Vista aérea da Cidade do México. Foto de Lucy Nieto, Flickr.

Publicada no final de fevereiro deste ano, a matéria da CNN aponta que a expectativa para os próximos meses é a de que se alcance o “dia zero”, quando o sistema de Cutzmala atingir níveis tão baixos que será incapaz de atender os residentes da cidade. Apesar das autoridades locais afirmarem que as notícias sobre o dia zero são “falsas”, a situação ainda é preocupante, e por isso o intenso debate sobre soluções compatíveis com a região. 

 Captação de água deficiente 

Um dos agentes que têm contribuído para a crise é o sistema de captação de água da cidade. Por causa de sua estrutura antiga, a água captada das fontes é desperdiçada em vazamentos contínuos. Os especialistas entendem que é imprescindível reformar esse sistema, a fim de evitar a perda sensível que impacta posteriormente a população que depende desse serviço.  

Soluções conhecidas internacionalmente 

Países como Japão, Alemanha e Austrália captam água das chuvas para uso até industrial.

Martin Kuebler levantou, em matéria para a Deutche Welle, algumas soluções ao redor do mundo para vencer a crise hídrica como as ocorrências de reciclagem de água na África e na Europa. Na Namíbia, foi instalada em 1968 uma usina que transforma esgoto em água potável em um processo de 10 etapas que envolvem, por exemplo, tratamento primário e biológico, desinfecção e várias camadas de filtragem.  

Já em Haia, na Holanda, a fornecedora Dunea desenvolveu um projeto piloto para tratar a água salobra bombeada, de baixo das dunas costeiras, a partir de osmose reversa, que usa alta pressão e membranas muito finas para filtrar o sal e outros minerais. 

Captar e purificar a água da chuva também pode ser uma iniciativa interessante. Países como Japão, Alemanha e Austrália já fazem uso de tecnologias que coletam a precipitação e realizam o tratamento do recurso para uso em residências, parques e até industrial.  

Por fim, o uso racional da água subterrânea (que inclui a proteção de aquíferos aproveitados para abastecimento dos efeitos da contaminação presente nas áreas urbanas), e a adoção de técnicas de gestão como, por exemplo, a recarga artificial (que possibilita a revitalização de aquíferos superexplorados), permitem assegurar uma fonte confiável de água de qualidade por longo prazo. 

Jardins circulares no combate à desertificação 

Para combater a desertificação, além de falarmos sobre reflorestamento de áreas desmatadas, com o fim de proteger bacias hidrográficas, reter água nos solos e realizar a manutenção do ciclo hidrológico (que envolve formação de nuvens e precipitação), também são citados métodos úteis na agricultura.  

Solo em processo de erosão por falta de água e sol intenso. Foto: Mike Erskine; Unspash

Existem no Senegal plantações de jardins circulares (conhecidas como tolour keur) que mantêm plantas e árvores resistentes a climas quentes e secos. Os canteiros circulares – plantas medicinais no meio, seguidas por fileiras de vegetais e um anel externo de frutas, nozes e grandes baobás – permitem que as raízes cresçam para dentro, ajudando a reter as raras chuvas da região. 

Soluções conjuntas para garantir impacto 

Apesar de parecer pouco, ao combinar mais de uma solução, é possível vislumbrar em maior escala os impactos dessas alternativas. Com a elevação da temperatura global, encontraremos muitos desafios como as secas que vêm abatendo uma série de regiões em todo o planeta, por isso precisamos investir em tecnologias que garantam a permanência humana com saúde, segurança e dignidade.

Como empresa de geologia que atua na área de meio ambiente, também realizando estudos hidrológicos, a BTX acompanha de perto a situação no México, assim como as soluções que possam minimizar o impacto na vida dos cidadãos.

 Confira os links para as reportagens citadas neste post

https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2024/05/27/cidade-mexico-cdmx-calor-chuva-crise-hidrica-agua-temperaturas-altas.htm 

https://veja.abril.com.br/agenda-verde/o-drama-da-cidade-do-mexico-22-milhoes-podem-ficar-sem-agua#:~:text=A%20maior%20parte%20do%20M%C3%A9xico,desigualdade%20no%20acesso%20%C3%A0%20%C3%A1gua

https://g1.globo.com/meio-ambiente/noticia/2022/06/28/calor-de-40o-sem-agua-a-seca-extrema-que-castiga-milhoes-no-mexico.ghtml 

https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/cidade-do-mexico-esta-a-poucos-meses-de-ficar-totalmente-sem-agua/ 

https://www.dw.com/pt-br/as-solu%C3%A7%C3%B5es-de-alguns-pa%C3%ADses-para-vencer-a-crise-h%C3%ADdrica/a-66202902 

https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/afp/2024/03/11/medo-da-falta-dagua-atinge-grandes-regioes-do-mexico.htm 

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