Semana do Meio Ambiente 2025 debate a crise do plástico
Com foco no combate à poluição plástica, evento de 2025 discute mudanças climáticas, impactos, soluções e repercussões na biodiversidade e na saúde humana
A Semana do Meio Ambiente de 2025, que acontecerá entre 1 e 5 de junho, traz à tona um dos desafios ambientais mais urgentes de nosso tempo: a poluição plástica. Com o tema #CombaterAPoluiçãoPlástica, liderado pela ONU e hospedado pela Coreia do Sul, a campanha destaca a necessidade de ações baseadas em evidências científicas para conter a contaminação por plásticos e microplásticos, que já atingem todos os ecossistemas do planeta.
Pilha de lixo misturada à areia da costa, por Lucien Wanda, disponível em Pexels.
Dados preocupantes
Os números revelam a gravidade da situação. Atualmente a produção mundial de plástico supera 430 milhões de toneladas, sendo que dois terços desse volume correspondem a produtos de vida curta que rapidamente se transformam em resíduos. Desse volume, apenas 9% de todo o plástico já fabricado foi reciclado, enquanto 11 milhões de toneladas vazam para os oceanos todo ano. Só o Brasil é responsável por 1,3 milhão desse total, colocando o país como o oitavo maior poluidor plástico do mundo.
Plástico no oceano, por Nataliya Vaitkevich, disponível em Pexels.
Microplástico e os impactos na saúde humana
Estudos recentes detectaram microplásticos – partículas menores que 5 mm – no sangue humano, na placenta de recém-nascidos e no sistema respiratório. Essas partículas carregam aditivos químicos como ftalatos e bisfenóis, associados à desregulação hormonal, riscos de câncer e problemas no desenvolvimento fetal. A presença desses contaminantes em nosso organismo evidencia que o ser humano também faz parte do meio ambiente que ataca.
Acúmulo de microplástico na Índia, por Stijn Dijkstra, disponível em Pexels.
Fontes ocultas de microplásticos estão presentes em nosso cotidiano. Os filtros de cigarros, por exemplo, feitos de acetato de celulose, representam uma das principais fontes, com 6 trilhões de unidades consumidas anualmente, gerando 765 mil toneladas de microplásticos. No vestuário, 60% das roupas contêm fibras sintéticas como poliéster e náilon, que liberam microfibras durante a lavagem, contribuindo com 35% dos microplásticos encontrados nos oceanos. Os produtos de higiene pessoal e cosméticos também escondem riscos, com pesquisas indicando que 83% dos álcoois em gel testados continham microplásticos intencionais, enquanto alguns esfoliantes chegam a ter 10% de microesferas plásticas em sua composição.
Microplástico degradado semelhante à fibra analisado por microscopia eletrônica de varredura em ma escala de 100 mícrons, por Zaknite Flores Ocampo, disponível na Wikimedia.
Ações concretas no país anfitrião
Diante desse cenário, soluções baseadas em ciência e políticas globais estão sendo implementadas. O Tratado Global sobre Poluição Plástica, em negociação desde 2022, representa um marco, com metas para reduzir a produção de plástico virgem, banir descartáveis desnecessários e fortalecer a economia circular.
A Coreia do Sul, país anfitrião das celebrações em 2025, serve como exemplo com seu Plano Nacional de Gestão do Plástico, que inclui responsabilidade estendida do produtor, sistema de depósito para copos descartáveis – que em Jeju alcança 90% de retorno – e a proibição de microplásticos em cosméticos desde 2023.
Inovações tecnológicas também surgem como aliadas nessa batalha. O desenvolvimento de biomateriais como PHBV e PLA, pesquisas com enzimas PETase para decomposição acelerada de plásticos, e sistemas de triagem automatizada com inteligência artificial estão revolucionando as possibilidades de reciclagem e substituição de materiais.
Plástico em decomposição, por Sébastien Vincon, disponível em Pexels.
Questão de urgência
Esta Semana do Meio Ambiente vai além da conscientização – é um chamado para ação baseada em evidências. A poluição plástica é um problema complexo, mas soluções existem e devem ser implementadas com urgência. Através da combinação entre políticas públicas robustas, inovação tecnológica e cooperação global, podemos reverter essa crise e construir um futuro mais seguro para as próximas gerações.