Restauração ecológica é pensar sustentabilidade em toda a cadeia
A bióloga Andrea Garafulic Aguirre explica como aplicar restauração ecológica além das ações simplistas e até mesmo equivocadas, como o uso de fertilizantes químicos no plantio de árvores
A restauração ecológica tem sido apontada como uma das principais forma de mitigação das mudanças climáticas, sendo ela o processo de auxiliar na recuperação de ecossistemas degradados, danificados ou destruídos. Isso pode envolver a reintrodução de espécies nativas, a remoção de espécies invasoras, a reconstrução de habitats naturais e a implementação de práticas de manejo sustentável da terra. Durante a última década, programas mundiais foram criados para alavancar o plantio de mudas, como é o caso do Bonn Challenge (https://www.bonnchallenge.org/) e da Initiative 20x20 (https://initiative20x20.org/).
Pensar sustentabilidade em toda a cadeia
Contudo, apenas plantar não é suficiente; precisamos pensar na forma de promover este plantio. Ou seja, é necessário pensar na cadeia como um todo e como alcançar a maior sustentabilidade no processo. Esse processo inclui itens como: o uso de pesticidas, a escolha de produtos para controlar formigas cortadeiras e a inclusão de outras formas de vida não arbóreas.
A BTX não utiliza nenhum tipo de pesticida nos plantios, assim como as nossas manutenções são feitas apenas através de roçada mecânica e coroamento.
Para o combate a ervas daninhas, a BTX executa roçada manual, com roçadeira e enxada. Esta é uma forma de combater as gramíneas invasoras e, com isso, podemos selecionar os indivíduos regenerantes e não correr o risco de danificá-los ao passar com a roçadeira sobre eles. Este tipo de roçada mantém o banco de sementes da área e aumenta a biodiversidade de diferentes formas de vida no plantio, ao contrário do glifosato, que mata tudo à sua volta, incluindo as mudas de árvores regenerantes.
Substâncias tóxicas e efeitos a longo prazo
O uso generalizado de herbicidas como o glifosato, popularmente conhecido como Roundup, nas plantações de mudas, tem sido objeto de estudos científicos ao longo de duas décadas. Essas pesquisas revelam uma série de preocupações quanto aos impactos na saúde humana, associando o glifosato a uma gama de condições, como Alzheimer, câncer, doença celíaca, problemas renais, colite, doenças hepáticas, hipotireoidismo e doenças respiratórias.
Além disso, o problema se estende para além das plantações, pois a maioria dos produtos usados no controle de pragas, como os destinados ao combate de formigas cortadeiras, contêm substâncias tóxicas persistentes no meio ambiente. Essas substâncias não se degradam facilmente, acumulando-se tanto no ambiente quanto nos organismos vivos. Um efeito colateral significativo é a morte de uma variedade de insetos, incluindo polinizadores essenciais como as abelhas, afetando assim os ecossistemas naturais e a segurança alimentar. Portanto, a preocupação com o uso de agroquímicos não se limita apenas aos efeitos diretos na saúde humana, mas também abrange as consequências ambientais e ecológicas que reverberam em toda a cadeia alimentar e na biodiversidade.
A restauração ecológica é o processo de auxílio ao restabelecimento de um ecossistema que foi degradado, danificado ou destruído. Dentro deste processo existem vários ciclos, como a polinização, dispersão e ciclagem de nutrientes e para se garantir a eficiência dos processos e a biodiversidade é necessário pensar em uma restauração integral, que não se limita apenas a repor árvores.
A BTX trabalha para se tornar cada vez mais sustentável nos seus trabalhos de restauração, pensando não apenas no processo em si, mas no meio ambiente e na sociedade como um todo.
Andrea Garafulic Aguirre é bióloga e gerente de Sustentabilidade, Flora e Licenciamento Ambiental na BTX