Estratégias para recuperação de solos contaminados por substâncias emergentes 

Medidas cuidadosas e especializadas garantem a eficácia na remediação de contaminantes emergentes, protegendo o meio ambiente e a saúde pública 

Por Alexandre Chiarini, geólogo e diretor técnico da BTX.

No cenário ambiental contemporâneo, a preocupação com os contaminantes emergentes é cada dia maior. E a BTX está, desde sempre, atenta a este problema. Essas substâncias químicas, ainda não amplamente regulamentadas, podem apresentar riscos significativos para a saúde humana e o meio ambiente. Dentre os principais grupos de contaminantes emergentes, destaca-se os PFAS (Per- and Polyfluoroalkyl Substances), também conhecidos como “químicos eternos”.  

PFAS (Per- and Polyfluoroalkyl Substances) são um grupo de substâncias químicas artificiais que têm sido amplamente utilizadas em diversos produtos industriais e de consumo devido às suas propriedades repelentes de água, gordura e manchas. Os PFAS são resistentes à degradação e podem persistir no ambiente por longos períodos de tempo. 

Alexandre Chiarini, geólogo, diretor técnico da BTX e autor deste artigo. Foto: Fernando Cavalcanti.

Essas substâncias têm sido amplamente utilizadas em produtos como revestimentos antiaderentes, tecidos impermeáveis, produtos de cuidados pessoais e de limpeza, retardadores de chama, espumas de combate a incêndio, entre outros. “Fabricados desde a década de 40, estão presentes na vida diária das pessoas, em peças de roupas, revestimentos de estofados, tapetes, cortinas; embalagens de papel que entram em contato com alimentos; em panelas antiaderentes, ceras, tintas, cosméticos, produtos de higiene pessoal”, informa a Cetesb, na Ficha de Identificação Toxicológica

PFAS e riscos à saúde 

Os PFAS têm recebido atenção e preocupação crescentes devido aos seus efeitos adversos na saúde humana e no meio ambiente. Alguns estudos sugerem que a exposição a certos PFAS pode estar associada a problemas de saúde, incluindo câncer, danos ao sistema imunológico, desordens hormonais, problemas de desenvolvimento e redução da fertilidade. 

Os PFAS estão presentes em toda a indústria e também na cozinha. Acima, molécula em Ben Mills, Public Domain, Wikimedia, File:Perfluorodecyl-chain-from-xtal-Mercury-3D-balls.png - Wikimedia Commons

Além disso, os PFAS são persistentes no ambiente e podem se acumular em organismos vivos, incluindo peixes e animais selvagens. Eles também podem contaminar as fontes de água potável, representando um risco para a saúde humana. Devido à preocupação com os impactos dos PFAS, muitos países estão adotando medidas regulatórias e restritivas para controlar seu uso e minimizar a exposição a essas substâncias. 

PFAS no processo industrial 

Os PFAS são amplamente utilizados em produtos industriais e de consumo devido às suas propriedades repelentes de água e manchas. No entanto, estudos indicam que a exposição a essas substâncias pode estar associada a problemas de saúde, como câncer, disfunções hormonais e danos ao sistema imunológico. 

Perdas astronômicas 

Empresas de grande porte que no passado utilizavam PFAS em seus processos hoje adotam políticas para eliminar seu uso e remediar eventuais áreas contaminadas. Em tempos de ESG, o envolvimento de indústrias com casos de contaminação relacionados a PFAS impactam negativamente os negócios, o caixa e também a reputação de multinacionais. Ignorar o uso dos PFAS no passado e não adotar estratégia de remediação é uma fórmula perigosa. 

Os PFAS podem se acumular em organismos vivos, como peixes e animais consumidos pelo homem. Foto: Neil Palmer (IWMI), Índia.

Recuperação de solos com contaminantes emergentes 

Para recuperar solos contaminados por contaminantes emergentes como PFAS, medidas específicas devem ser adotadas. Inicialmente, é fundamental realizar uma avaliação detalhada e caracterização do solo afetado, explica Fernando Fernandes, CEO da BTX. Isso permitirá compreender a extensão da contaminação, identificar os contaminantes presentes e entender suas propriedades e comportamento no solo. 

Com base nessa avaliação, é possível elaborar um plano de remediação adequado para lidar com os contaminantes emergentes. “A escolha das técnicas de remediação deve ser cuidadosa, levando em consideração as características dos contaminantes específicos”, ensina Marcelo Altafini, diretor da BTX. 

Estratégias de remediação 

A remoção e destruição do contaminante PFAS representam os principais enfoques das técnicas de remediação. A remoção, em geral, é realizada por meio de tecnologias de filtração, como a adsorção em carvão ativado granular e resina de troca iônica. Estes métodos são eficazes na captura e remoção dos PFAS da água. No entanto, eles não destruem os PFAS, mas apenas os concentram em um meio, como o carvão ativado ou a resina, que posteriormente precisa ser tratado ou descartado.

A destruição dos PFAS, por outro lado, envolve a quebra das moléculas robustas e resistentes dos PFAS em componentes mais simples e inofensivos. Isso é geralmente alcançado através de métodos de tratamento avançado, como a sonolise, a pirólise térmica ou a plasma. Embora muito promissores, esses métodos são mais complexos, exigem mais energia e ainda estão sob intensa pesquisa para otimizar sua eficácia e viabilidade econômica. A destruição é considerada a solução definitiva para os PFAS, pois elimina completamente o problema, em vez de apenas transferi-lo para outra forma ou local.

Monitoramento contínuo e descarte adequado 

O monitoramento contínuo deve ser realizado para avaliar a eficácia das medidas de remediação ao longo do tempo. Isso permitirá verificar se os contaminantes emergentes estão sendo adequadamente reduzidos e se o solo está retornando aos padrões ambientais aplicáveis. 

É fundamental também garantir o descarte adequado dos resíduos gerados durante o processo de remediação, seguindo as regulamentações ambientais e de saúde e segurança vigentes. O manejo adequado desses resíduos contribui para evitar potenciais impactos negativos, com a adoção de métodos de destinação ambientalmente sustentáveis. 

Por fim, o monitoramento pós-remediação é indispensável para verificar se os contaminantes emergentes foram reduzidos a níveis aceitáveis e se o solo recuperado está em conformidade com os padrões ambientais. 

Diante dos desafios apresentados pelos contaminantes emergentes, a adoção de estratégias cuidadosas e especializadas é essencial para a recuperação de solos contaminados. A BTX tem mais de 20 anos de experiência remediando solos com contaminantes nos mais diversos contextos. Caso você precise de ajuda, fale com nossos consultores. 



SAIBA MAIS 

O que são contaminantes emergentes e por que são perigosos? 

Contaminantes emergentes são substâncias químicas que não são amplamente regulamentadas ou monitoradas, mas que estão sendo reconhecidas como uma preocupação crescente devido aos seus potenciais efeitos adversos na saúde humana e no meio ambiente. 

Esses contaminantes podem incluir produtos farmacêuticos (antibióticos, anti-inflamatórios, hormônios), produtos de cuidados pessoais, produtos químicos industriais, produtos de limpeza, retardadores de chama, microplásticos, entre outros. Eles podem ser introduzidos no meio ambiente por meio de descargas industriais, tratamento inadequado de esgoto, descarte inadequado de resíduos ou até mesmo pela aplicação agrícola de certos produtos. 

Os contaminantes emergentes são considerados perigosos por várias razões. Primeiramente, eles podem ser persistentes no ambiente, ou seja, permanecerem por longos períodos de tempo sem se degradar facilmente. Além disso, eles podem ser bioacumulados/biomagnificados, o que significa que podem se acumular nos organismos vivos ao longo da cadeia alimentar. 

Essas substâncias também podem ter efeitos adversos na saúde humana, mesmo em baixas concentrações, devido a suas propriedades químicas ou a possíveis efeitos de longo prazo. Os contaminantes emergentes também podem afetar os ecossistemas aquáticos, interferindo na fauna e na flora, e podem impactar negativamente a qualidade da água potável. 

A falta de conhecimento completo sobre os efeitos desses contaminantes e a falta de regulamentação adequada aumentam a preocupação em relação a eles. Portanto, é importante monitorar, pesquisar e tomar medidas adequadas para minimizar a exposição e o impacto desses contaminantes emergentes no meio ambiente e na saúde pública. 

PCBs, PBBs, PBDEs 

Os PCBs, por sua vez, são compostos organoclorados utilizados em transformadores elétricos e capacitores. Sua persistência ambiental e toxicidade representam um desafio para a remediação de solos contaminados. 

As PBBs e os PBDEs são substâncias bromadas presentes em produtos como plásticos, têxteis e eletrônicos, utilizados como retardantes de chama. Esses compostos também são persistentes no ambiente e podem se acumular em organismos vivos, apresentando possíveis riscos para a saúde humana e a biodiversidade. 

Os PFCs são perfluorocarbonos que não possuem átomos de hidrogênio em suas cadeias de carbono. Eles são usados em diversas aplicações industriais, como isolantes elétricos e refrigerantes. 


* Texto foi atualizado em 25/09/2023, às 15h31.

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