Contaminação por metano e etilbenzeno interdita CEU na Zona Leste de SP

Em fevereiro deste ano a imprensa noticiou que o Centro Educacional Unificado (CEU) Três Pontes, no Jardim Romano, Zona Leste da cidade de São Paulo, foi interditado às pressas por suspeita da presença de metano e etilbenzeno, produtos tóxicos e inflamáveis. O trabalho de investigação havia sido contratado há quatro meses e foi entregue no final de janeiro. 

Com a interdição, quase 2 mil alunos tiveram de ser realocados ou transferidos para o ensino à distância. Além disso, levantou-se a hipótese de as crianças terem sido expostas aos gases tóxicos.

Centro Educacional Unificado (CEU) Três Pontes, no Jardim Romano, Zona Leste da cidade de São Paulo, foi interditado.

O caso foi detectado em setembro do ano passado, quando as crianças perceberam que uma pilastra e o piso da escola estavam mais quentes. “Por isso a sala foi isolada e, com a publicação do laudo da consultoria ambiental contratada, que confirmou a presença de metano e etilbenzeno, todo o CEU foi interditado para serem realizadas as obras de remediação”, explica o geólogo Alexandre Chiarini, diretor Técnico da BTX. “Possivelmente, será instalado um sistema de extração de vapores do solo (SVE), num prazo de cerca de seis meses”, prevê.

Alexandre lembra que, segundo a Secretaria de Educação da Prefeitura de São Paulo, a origem pode ter sido a decomposição natural de matéria orgânica, o que ocorre com frequência nas várzeas dos rios Tietê e Pinheiros. No entanto, é possível que a contaminação tenha sido causada por materiais depositados irregularmente na área. 

“Até hoje, nos casos em que foi encontrado metano formado naturalmente pela matéria orgânica de aluviões nas áreas de várzea, não tínhamos ouvido falar em aumento tão grande de temperatura, a ponto de ser sentido no piso ou em pilastras de um edifício”, ressalva Alexandre. “Essa situação seria mais típica em locais como aterros sanitários ou de resíduos, que produzem metano em grande quantidade, e em que pode haver um aumento expressivo da temperatura”, esclarece. 

A possibilidade da causa ter sido a deposição irregular de resíduos é reforçada pela presença de etilbenzeno, que não é um produto de degradação natural de matéria orgânica e indica a ocorrência de contaminação antrópica.

Não foram divulgados detalhes técnicos da maneira como o caso foi conduzido, mas Alexandre Chiarini destaca que a iniciativa de isolar e interditar a área deveria ter sido completada pelo monitoramento intenso do ar ambiente, para verificar o potencial de explosividade do metano. Sobretudo, seria indispensável fazer a exaustão completa da área fechada e isoladas: “O grande problema em áreas com metano é mantê-las fechadas e sem ventilação por períodos prolongados. Nesse caso, o gás pode se concentrar até alcançar níveis perigosos. Quando a área é reaberta, uma simples faísca de um interruptor ou de um celular pode inflamar o gás no ar”, acrescenta o diretor Técnico da BTX.


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